Cerca de 200 escolas alemãs estão a
pedir a cada vez mais crianças indisciplinadas e hiperativas que usem coletes
cheios de areia. Será uma estratégia para as acalmar e manter sentadas nos seus
lugares.
A história é relatada pelo diário
britânico The Guardian. Os coletes de areia pesam entre 1,2 e seis
quilogramas e custam entre 140 e 170 euros.
Por toda a Alemanha, há um número
crescente de diagnósticos de Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção,
o que provoca alterações na atenção, impulsividade e grande atividade motora.
Um conjunto de sintomas que se repercute no desenvolvimento, na aprendizagem e
no ajustamento social.
A prática não é nova. Os defensores dos
coletes de areia argumentam que estes são uma abordagem terapêutica menos
agressiva do que medicamentos, como o uso de Ritalina. Os detratores
encaram-nos como uma reminiscência de camisolas de forças que eram usadas para
restringir pacientes violentos em hospitais psiquiátricos. E inquietam-se com a
possibilidade de estigmatização.
"As crianças adoram usar os coletes
e ninguém é forçado a usar um contra sua vontade", declarou Gerhild de
Wall, da escola Grumbrechtstrasse, no distrito de Harburg, em Hamburgo,
ao The Guardian. "Os coletes ajudam-nas a ter um melhor
sentido de si próprias, e isso, por sua vez, ajuda-as a concentrarem-se".
Segundo explicou, os coletes só são
usados em períodos de 30 minutos. Muitos querem usá-los. "Os alunos saltam
a cada oportunidade de os usar. Nós garantimos que as crianças que não precisam
deles também os vestem, o que ajuda a evitar que haja um estigma associado ao
seu uso".
Essas explicações não convencem os
críticos, que entendem esta abordagem questionável. Vislumbram o risco de os
coletes serem encarados como uma espécie de remédio único. Também há quem
entenda que esta abordagem procura garantir que a criança encaixa na turma, sem
atender à sua individualidade.
Petição em Portugal
Em Portugal, estima-se que cerca de 70
mil crianças sofrem de Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção. A
terapêutica está muitas vezes reduzida à medicação. O Infarmed aponta para uma
duplicação das vendas de metilfenidato: de 133 mil, em 2010, para mais de 270
mil embalagens, em 2016.
Na Net, corre uma petição com o objetivo
de pôr a Assembleia da República a discutir modos de adaptar o modelo escolar e
social, de modo a salvaguardar o direito destas crianças a “uma educação e
inclusão sem obstáculos, com complementaridade de apoios a nível terapêutico”.
Os signatários são agora 1072.
Fonte: Público
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