De forma a elucidar o processo de desenvolvimento após
o primeiro ano de vida, em linhas gerais, segue um esquema-tipo dirigido a cada
idade, assim como algumas dicas para promover o progresso do seu filho.
18.º mês
Com 18 meses a criança anda bem. Gosta
de ver livros embora folheie varias páginas de cada vez e risca papéis pegando
nos lápis preferencialmente com uma mão. Diz 6 a 26 palavras e conhece as
partes do corpo.
Nesta fase, ensine-a a arrumar os
brinquedos e a evitar expor-se a perigos, como não se aproximar do fogão.
Deixe-a rabiscar no papel. Repita com ela as partes do corpo, como por exemplo
quando a está a vestir... cante e dance.
2.º ano
Aos 2 anos é vê-lo correr! Gosta de
livros, já consegue folheá-los página por página, mas por vezes vai preferir
rabiscá-los em círculos. O discurso do tagarela é maioritariamente
incompreensível, mas diz claramente o seu nome e o de alguns objetos, assim
como frases simples. Põe e tira um chapéu. Bebe pelo copo sem entornar e come
sozinho com colher.
Com tanta energia é ainda trapalhão,
pelo que deve incentivá-lo a correr ou a pular num pé. Permita-lhe pintar com
tintas adequadas, fazer puzzles simples,
e no fim ensine-a a arrumar os brinquedos. Conte-lhe histórias e estimule-a a
pronunciar palavras corretamente e a emitir a sua opinião. Inicie o desfralde
de acordo com a sua capacidade de fala/compreensão. Peça-lhe para ajudar nas
tarefas diárias, como se de um jogo se tratasse.
3.º ano
A criança já sabe subir escadas
facilmente. Sabe dizer o seu nome completo, o seu sexo e identifica duas cores.
O seu discurso ainda é pouco compreensível por estranhos. Já vai à casa de
banho sozinho e despe-se se não tiver botões. Já come com garfo.
A criança com 3 anos precisa de se mexer
muito, de correr, saltar ou andar de triciclo. A sua imaginação é fértil e
facilmente mistura a realidade com a fantasia. Este pensamento mágico deve ser
respeitado e não ridicularizado. Nos tempos de convívio assistam juntos, por
tempo limitado, a programas televisivos adequados, conversem muito e estimule a
criança a contar o que fez durante o dia. Tenha paciência porque esta é a fase
dos “porquês” e a criança vai esperar que responda às mais mirabolantes
dúvidas! Ensine-a a partilhar brinquedos e mantenha regras, apesar de poder
haver birras.
4.º ano
A criança sobe e desce escadas
fluentemente e salta num pé. Conhece as quatro cores básicas, e por vezes
muitas mais, a sua idade e a sua morada. Fala fluentemente. Consegue vestir e
despir-se com exceção dos laços e respeita regras como a de esperar pela sua
vez.
Habitualmente a criança com 4 anos gosta
de construções de puzzles, de desenhar o corpo humano
e de cantar. Estimule-a a distinguir as cores. Ajude-a a controlar os impulsos
mas incentive-a a verbalizar os seus pensamentos e vontades. Valorize a sua
participação nas tarefas domésticas e encarregue-a de transmitir uma mensagem
sua a outra pessoa.
A partir do 5.º ano a criança é cada vez mais autónoma mas nem
por isso necessita de menos atenção. Acompanhe o desenvolvimento da sua
personalidade e da criação de valores.
Promova atividades de movimento, assim
como recortes e colagens. Converse com a criança de modo a aumentar o seu
vocabulário, questione sobre o significado das palavras e ensine-o caso seja
oportuno. Compreenda que a criança possa ter medos e fobias, apoie-a sem a
ridicularizar. Incremente a sua noção de responsabilidade e autoestima (por
exemplo dando-lhe tarefas complexas e elogiando-a no seu sucesso), mas sem
resvalar para a vaidade e sem ser condescendente com a quebra de limites.
Consolide regras, sobretudo no que diz respeito ao tempo passado frente a
écrãs.
Não deve comparar o seu filho com as
restantes crianças quanto às “habilidades” que faz, mas é importante que fale com
o seu médico, caso o processo de desenvolvimento do seu filho lhe cause
preocupação ou ansiedade. Caso seja identificado algum atraso de
desenvolvimento, o que deve acontecer o mais precocemente possível, o seu
médico irá acompanhar e orientar adequadamente.
Em suma, este processo exige muita
dedicação, carinho, apoio, conversas e brincadeiras com a criança, assim como a
imposição de regras de segurança… é parte do educar! O tempo que dedicar a este
projeto trará fortes e boas consequências na vida da criança.
Maria do Carmo Ferreira, com a colaboração de
Sandra Costa, Pediatra do Serviço de Pediatria do Hospital de Braga.